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A Escola e o Território

  • Writer: Pedagogia Facesg
    Pedagogia Facesg
  • Feb 22, 2022
  • 3 min read

Updated: Feb 22, 2022






Caminhando por uma das ruas que levam a escola que cursei no ensino fundamental, consegui identificar como memória afetiva alguns pontos que automaticamente me abriram sorrisos, não à toa, esse lugar foi primordial para fazer as amizades que tenho e compartilho nos dias atuais. Seria loucura pensar que esse lugar é parte da escola?


A escola é parte de um território, assim como o território é parte da escola, e mesmo que sejam formados por alunos e professores de diferentes regiões, a linguagem é específica do lugar onde a escola está.


A educação popular diz que o contexto do aluno deve ser parte fundamental do planejamento docente, pois entender o entorno, colabora para uma educação significativa para o educando. No entanto, mais que saber o contexto do aluno, ou seja, se o bairro é violento ou não, se existe grande concentração de comércios, como funciona a mobilidade e até mesmo a vida familiar e os sonhos dos alunos, é necessário a escola viver esse contexto.


Nas grandes secretarias de educação tem sido feito um projeto chamado de “busca ativa” onde o gestor e os coordenadores precisam encontrar os alunos que evadiram e incentivá-los a retornar à escola. O processo é delicado pois o principal contato, na maioria dos casos entre a escola e o aluno, é pelo telefone informado na ficha de matrícula. Por falta de atualização ou até mesmo por falta de telefone próprio, encontrar esse aluno é uma missão quase sempre falha.


No entanto, pude observar de perto o trabalho de uma escola municipal onde o gestor já atuava na comunidade há mais de trinta anos, tendo sido professor dos pais da maioria dos alunos que estudavam na escola que dirige, dessa forma, a busca ativa funcionou no momento em que a gestão passou a andar na comunidade e no processo de conversa, encontrou um número significativo de alunos que evadiram.


Os motivos da evasão são diversos e a escola precisa estar ciente desses motivos, é claro que não dá para andar livremente sem conhecer o lugar, mas reforço que as escolas precisam ter corpos atuantes que residem na comunidade e que possam ser figuras ativas no processo escolar. Sejam em serviços voluntários ou até mesmo em contratações específicas para essas funções.


Um exemplo são os conselhos escola comunidade, nascidos para democratizar o debate escolar e aproximar a escola e o território. O conselho, ao eleger um responsável representante, precisa trabalhar no que vem de casa, consequentemente, no trajeto.


Certa vez percebi uma quantidade absurda de lixos no muro da uma escola e após muitas reclamações, a empresa de limpeza cercou o local e fez um jardim de maneira reciclável. Uma atitude responsável do poder público, no entanto, a escola erra em não envolver seus alunos nesse processo. O lixo é uma grande problemática na maioria dos bairros populares, o descarte irresponsável e a coleta que não é diária, causam problemas que serão duradouros a comunidade.


Mais que expor o problema que é o lixo através dos livros e apostilas, o território tem exemplos reais e que, se fossem explorados pela escola, poderiam ser melhor vistos e conservados pelos alunos e família, estimulando a cidadania e a sustentabilidade.


meio às grandes tragédias é a escola que oferece abrigo, principalmente por ser grande, coberta, conservada e capaz de realizar um acolhimento afetivo. No entanto, ela ainda se afasta das micro tragédias que ocorrem nos territórios. A violência contra a mulher e a violência doméstica, por exemplo, são casos em quena, maioria das vezes, a vítima precisa ser acolhida e a escola seria tranquilamente um lugar viável para isso. Se pensarmos na ideia original dos CIEPS ou carinhosamente chamados de brisolão, os dormitórios que ficariam no último andar teriam essa função, tanto para desabrigados, trabalhadores residentes e pessoas com necessidades especiais de acolhimento.


importante na relação escola-território é a possibilidade de lazer, principalmente nas que tem suas quadras esportivas cobertas, realidade que as quadras públicas não tem, impossibilitando a prática esportiva.


Pensar a escola como território é um debate profundo que se aproxima da proposta de uma pedagogia popular e transformadora, viver o território enquanto escola, possibilita achar caminhos mais curtos para uma educação de qualidade e que prepare de fato, os alunos e alunas para a vida.



* Searon Cabral é aluno do 7º período do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade Cesgranrio

 
 
 

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