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Visões de um aluno de pedagogia sobre o ILabthon: o que podemos aprender e mudar na nossa prática?

  • Writer: Pedagogia Facesg
    Pedagogia Facesg
  • Feb 19, 2021
  • 4 min read

Por Searon Cabral*






Quando recebi o convite do NEMPI (Núcleo de Empreendedorismo e Inovação) da Faculdade Cesgranrio para participar do Ilabthon fiquei curioso para saber o que era e como seria essa participação. Na realidade o Ilabthon é uma espécie de hackathon, onde pessoas se encontram, formam equipes, pensam problemas e buscam soluções efetivas para eles, um modelo muito utilizado no ramo do empreendedorismo e no desenvolvimento de startups.


A proposta desse evento era pensar e construir laboratórios de inovações para atuar e buscar soluções de problemas nos espaços públicos. Nas primeiras reuniões entre alunos e professores da Faculdade, muitos temas surgiram para debate e claro, o que eu mais me interessei foi um que tocava especialmente em um problema na educação, que seria a criação de um laboratório de metodologias ativas para professores de escolas públicas, partindo da dificuldade que muitos professores enfrentam no período de educação remota e da falta de estrutura que as escolas públicas apresentam.


Conforme fomos avançando, as equipes foram discutindo, buscando novas ideias e entrando em problemas cada vez mais concretos (o que não foi fácil), até que a minha equipe optou em focar na leitura. Curioso que leitura também é um tema amplo que remete a vários problemas, mas aí entra o primeiro grande aprendizado que tive nessa semana: o foco no problema real. Para chegarmos a uma solução eficiente, não podemos praticar o “achismo”, e muito menos nos basear em uma realidade apenas teórica da coisa. É necessário aprofundar, buscar o público alvo e validar esse problema, com riscos de frustrações eminentes, pois nem sempre o que eu “acho” ou “vivi” é uma realidade da maioria.


E seguimos, depois de uma longa noite de debate, entendemos que a escola limita o aprendizado em grades curriculares, não oportuniza ao aluno uma leitura interessante, atrativa e contextualizada com suas realidades. Esse problema causa consequências cruéis em toda a formação do aluno, principalmente o fato de criar nele o total desinteresse pela leitura e também pela escola em si.


Para se ter uma ideia, algumas pesquisas dizem que apenas 45% dos alunos que completam o 3º ano do Ensino Fundamental I, possuem um nível adequado de leitura. E essa defasagem segue adiante constituindo uma população de 38 milhões de analfabetos funcionais no Brasil. E, munidos de todos esses dados, partimos para o Ilabhton. Na minha mente, várias soluções, diversos exemplos, referências, teorias e etc. Nada que, de fato, desse um direcionamento claro para o problema, e esse foi o maior aprendizado, aquele que mudou totalmente minha forma de pensar quando pedimos mudança ou falamos de transformação.


Durante todo o processo eu pensei em uma palestra que assisti do professor José Pacheco em um seminário na Cesgranrio, onde ele falava que foram as frustrações que impulsionaram a mudança em sua forma de pensar. Ora, se antes ele achava que o foco da educação era o professor, a realidade da Escola da Ponte o fez acreditar que, na realidade, o foco deveria ser o aluno. No entanto, mais à frente ele percebeu que o foco precisava ser nas relações. Muito do que Paulo Freire pregava, “ninguém educa ninguém, as pessoas educam-se em comunhão, sendo mediadas pelo mundo”. Essas referências citadas e de uma poesia linda, me acompanham desde o ensino médio, quando eu fazia formação de professores, no entanto quando tive a primeira frustração no campo de estágio eu não consegui pensar nelas, muito menos em tantas outras que lemos tanto.


A realidade da sala de aula e da educação de maneira geral é totalmente distanciada dessas questões e, em se tratando de escola pública, é pior ainda, pois até a inclusão tecnológica é difícil. Por isso, o que não podemos ser é dono da verdade. A troca precisa acontecer e com sinceridade; o aluno fala, o pai e mãe falam, os vizinhos da escola, o professor. Longe da teoria de escolher um ou dois, é necessário validar quais são os reais problemas da escola e são eles que vão indicar, pois são os reais “clientes” desse processo. Dessa maneira, aplicamos Freire “sem nos tocarmos que estamos aplicando” e ainda utilizamos uma perspectiva empreendedora na coisa.


É fato que a escola parou no tempo, e até as reuniões de planejamento (pouco ou quase nada democráticas) seguem um modelo ultrapassado de debate. Agora vamos imaginar um consultor em design thinking sendo utilizado no processo da mudança de cultura necessária na escola.


Primeiro você debate o contexto escolar, busca os resultados de anos anteriores, visualiza os maiores problemas da escola, busca entender as coisas boas que existem na escola e etc.


Depois reúne os alunos, permite que eles falem de maneira livre e coloquem para fora tudo que eles acreditam que seja bom, o mesmo se aplica aos professores, funcionários e responsáveis. Anota tudo, debate, idealiza e pede que toda a comunidade escolar crie também. Em seguida, começa a trabalhar a solução de acordo com aquilo que foi escolhido como a principal dor, e trabalha muito, dialoga bastante e encontra a solução ideal.


Só nesse processo, você mobiliza a escola e curiosamente, você chega perto da forma que o José Pacheco utilizou na Escola da Ponte. Essa relação, o encontro e o incentivo à participação, é o estímulo que falta nas escolas, e eu acredito que o Ilabthon me mostrou isso durante os dias de evento. Temos muitas boas intenções, mas poucas vezes conseguimos pôr em prática e fica uma eterna teoria que não transforma em nada a educação. A proposta é contextualizar, incentivar a participação, criar recursos em conjunto e praticar. Só dessa forma podemos começar a transformação que acreditamos e sonhamos!


* Searon Cabral é aluno do 5º período do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade Cesgranrio



A Faculdade Cesgranrio foi muito bem representada no Ilabthon por 3 equipes:

Escalada do Conhecimento (equipe do Searon, autor desse post); Aportando no Futuro e GamerLab. As equipes foram compostas por alunos, professores e participantes externos. O NEMPI, nosso Núcleo de Empreendedorismo e Inovação, divulgou, orientou e promoveu a integração, a troca e a construção de conhecimento e experiências que, certamente, contribuíram para o crescimento profissional e pessoal do nosso corpo discente e docente, assim como, para o desenvolvimento de nossa comunidade acadêmica. Que venham outros desafios!







 
 
 

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1 Comment


fpotsch
Feb 19, 2021

Sua narrativa nos motiva a continuar nossa jornada da Educação Empreendedora sendo o compartilhamento de ideias e emoções o caminho para soluções de problemas que gerem impacto em nossa sociedade.


O seu texto, repleto de palavras que deslizam em nossa mente, desbrava a capacidade de cada um de nós de sentirmos o desconforto diante de problemas que, mesmo desconhecidos, com a colaboração da comunidade, somos impulsionados a resolvê-los.


O que separa "o achismo" da solução objetiva colocaremos na definição de Empreendedorismo Científico. Aquele que construimos diversas hipóteses sobre a solução apresentada para um determinado problema e, sem seguida, levamos aos público preferencial, persona, sua possível validação ou não.


O emocionante nessa jornada são os rastro produzidos que se tornam conhecimen…


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